Erdogan reclama de encontro de líderes da União Europeia com o papa Francisco
Em comemoração ao 60º aniversário da assinatura do Tratado de Roma, que pavimentou a formação da União Europeia, o papa Francisco recebeu na Sala Régia do Vaticano 27 chefes de Estado e de Governo de países membros da UE numa audiência privada. O encontro foi liderado por Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu.
Para o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, esse foi um sinal de que uma guerra se aproxima. Ele criticou tanto a União Europeia quanto o papa, afirmando que “a aliança dos cruzados se mostrou afinal”.
O motivo para o descontentamento do presidente turco, que tenta se consolidar como novo líder dos países islâmicos é a aparente “mistura” de política e religião.
“Esses desenvolvimentos trazem algo à mente. Por que se encontraram no Vaticano? Por que se encontraram na presença do Papa? Quando o Papa se tornou um membro da União Europeia? A aliança de cruzados finalmente se revelou. É isso. O que vocês nos contaram até agora? Sim, você [União Europeia] não quer aceitar a Turquia na União Europeia porque a Turquia é muçulmana. Vejam o que vai acontecer amanhã”, bradou.
A alusão de Erdogan, como tem sido recorrente, é ao período medieval, quando a Igreja Católica, por iniciativa do papa, realizou diversas cruzadas contra os muçulmanos, visando a retomada da Terra Santa.
Ao todo foram nove investidas militares, num movimento de guerra que durou do século XI ao XIV. Os principais inimigos das tropas europeias, leais ao papado, foram os turcos seljúcidas, que dominavam a região.
A insinuação de Erdogan que há forças militares comandadas pelo Vaticano pode parecer absurdas para o mundo ocidental, mas mexe em uma questão histórica bastante complexa.
Em plena campanha para consolidar seu poder na Turquia e, ao mesmo tempo, unir os países da Liga Árabe em uma aliança que remete ao Império Turco-Otomano – comandado por seus antecessores – essa fala do presidente apenas reitera suas ameaças que em breve haverá uma guerra.
Duas semanas atrás ele deixou isso muito claro. Reclamando dos políticos conservadores de vários países que tentam impedir o avanço do Islã em seu território, ameaçou “Onde é que vamos parar? Para onde [os conservadores] irão levar a Europa? Começaram a ditar o colapso da Europa. Estão arrastando a Europa para o abismo”, em breve “vão começar Guerras Santas na Europa”.
Ele já anunciou em outras ocasiões que é inevitável o enfretamento da Turquia, a quem chama de “Crescente” e a Europa, simbolizada, segundo ele, pela “Cruz”. Longe de ser apenas mais um argumento daqueles que defendem as teorias da conspiração, o “amanhã” mencionado por Erdogan é uma espécie de ameaça velada que ele pretende reconquistar o território que julga ser do seu povo por direito.
A restauração do Império Otomano, que chegou ao fim após a I Guerra Mundial, é uma obsessão do presidente, que usa essa ideia em seus discursos desde que tomou posse. No final do ano passado, disse que gostaria de retomar os territórios da Síria, do Iraque e de Israel que um dia foram subjugados pelo exército turco.
“As nossas fronteiras físicas são uma coisa, mas as nossas fronteiras do coração são outra totalmente diferente”, declarou. Com informações de Turkish Minute
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