Mesmo sendo arriscado, o neurocirurgião italiano Sergio Canavero, que passou 30 anos pesquisando sobre o transplante, está decidido a realizá-lo
Não, não é um roteiro de filme de ficção científica. O primeiro transplante de cabeça em humanos já tem data para acontecer. De acordo com a agência Central European News, a cirurgia está marcada para dezembro deste ano.
Há oito meses para a operação, o médico responsável, o neurocirurgião italiano Sergio Canavero, que dedicou 30 anos em pesquisas sobre o assunto, declarou que se sente pronto para realizar o primeiro transplante de cabeça do mundo.
O mês escolhido é apenas para que todos os cálculos científicos e planejamentos do procedimento sejam finalizados. No entanto, caso haja alguma dúvida ou empecilho, a data pode ser adiada.
O paciente que irá se arriscar ao procedimento é o russo Valery Spiridonov, que sofre de uma doença rara, conhecida como síndrome de Werdnig-Hoffman, uma atrofia que enfraquece a estrutura muscular da pessoa, e impede o movimento dos membros, exceto as mãos, e mantém a mente intacta.
Em entrevista à Agência EFE, Spiridonov, que se voluntariou para a cirurgia, declarou estar confiante para que ela seja feita no prazo estipulado. "Acreditamos que teremos tudo pronto até lá", disse ele.
O russo é programador e artista gráfico, e vive na cidade de Vladimir, a 170 quilômetros de Moscou. Ele não pensa em desistir da operação, que pode ser a sua única chance de ter um corpo saudável e lembra que "a doença que tenho é degenerativa e, no final, mortal" porque "degenera os músculos, e o coração, afinal de contas, também é um músculo".
Método Frankenstein
Para realizar o transplante, o doutor Canavero, basicamente terá que retirar a cabeça de Spiridonov e colocar em outro corpo, que será de algum doador compatível, que já tenha confirmado morte cerebral.
A ideia é congelar a cabeça de Spiridonov, em uma temperatura de -15º C, e reconecta-la ao corpo do doador, também congelado. Ao resfriar os corpos, a decomposição celular é desacelerada, e maquinas irão manter o fluxo de sangue para que a medula espinhal do paciente seja rompida para ser encaixada ao novo corpo. Essa junção irá ocorrer com o uso de injeções de polietilenoglicol, que funcionam como uma espécie de cola humana.
De acordo com especialistas, o corte da medula espinhal será a parte mais delicada, pois qualquer erro nesse momento poderá colocar a vida do paciente em risco.
A cirurgia deve durar 36 horas e envolver 150 médicos e enfermeiros. O custo total deve ser de 11 milhões de dólares.
Críticas
Conforme declarações de Spiridonov e Canavero, ao que tudo indica, o procedimento deverá ocorrer na China. Porém, o país ainda não se pronunciou sobre a autorização do procedimento.
Desde que anunciou que faria a cirurgia, o médico italiano vem sofrendo duras críticas de outros especialistas que questionam o processo por questões éticas e até técnicas. Um dos problemas, segundo alguns médicos, é que a operação, que já foi feita em alguns animais, como macacos e ratos, tiveram resultados imprecisos para se arriscar à um procedimento em humanos.
Recuperação
Se tudo der certo, após o transplante de cabeça, a medula espinhal do paciente será monitorada e sua recuperação será acompanhada para observar as condições neurofisiológicas. Se nada der errado, os médicos acreditam que o cérebro não estará rejeitando o transplante. Feito isso, Spiridonov será submetido a fisioterapias. E a reabilitação não será simples, devendo durar quase um ano.
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